Visita técnica a Igarassu, Nazaré da Mata e Tracunhanhem!

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O combinado para sairmos era às 7:00 horas da manhã, mas por conta de alguns atrasos, por parte de alguns alunos, saímos exatamente às 7:50, com o ônibus da Instituição, e com o motorista da mesma. Seguimos pela BR 101, que apresentou estradas esburacadas, e com algumas sinalizações, em placas, por exemplo, e não foi necessário seguir exatamente as sinalizações expostas nas placas das estradas, pois o motorista já sabia o caminho a seguir. O professor Márcio deu algumas orientações, para que pudéssemos ter uma visita tranquila, segura e produtiva, apresentando rapidamente, os lugares que iríamos visitar, e suas  exigências, e só então, pudemos seguir observando a paisagem, até chegar ao nosso primeiro destino, Igarassu.
Ao chegarmos em Igarassu, visitamos primeiramente a Igreja e Convento Sagrado Coração de Jesus, observando sua parte externa, e identificando características do Barroco, como o Óculos (uma espécie de janela, no formato circular, que fica quase no topo da igreja), as três portas, com impressões acolchoadas, e as demais características do Barroco presente na parte externa da igreja.

 
Frente da Igreja Sagrado Coração de Jesus

A igreja em si, não é original, quanto a sua estrutura, por conta da invasão do holandeses, que queimaram tudo, e por isso, todas as igrejas foram restauradas, algumas com suas características originais, e outras um pouco descaracterizadas. E para podermos ter o privilégio de podermos ver, pelo menos uma parte da estrutura original do monumento, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) criou janelas arqueológicas, que mostram exatamente como era a estrutura original. E nós pudemos ver uma janela arqueológica na entrada do convento Sagrado Coração de Jesus, na parede.
Na entrada do covento existia também uma grade, com uma espécie de roda, que servia como “recipiente”, para doações da comunidade, para as freiras residentes do convento. Muitos acreditam que crianças, foram entregues as freiras nessas rodas, para sem cuidadas, sem que ninguém soubesse quem as deixou.

    
                                             Janela arqueológica                  Roda

Dentro do convento tinha uma pequena lojinha, com artesanatos produzidos pelas próprias freiras, e o dinheiro arrecadado serve para sustenta-las e ajudar na catequese das crianças da comunidade. Inclusive tem um espaço, na frente da lojinha, onde é realizado atividades sociais com a população que mora no Sítio Histórico de Igarassu.


                                                      Espaço utilizado para atividades sociais

Quando estávamos passando da lojinha, para o espaço de atividade sociais, um homem, dirigiu-se ao professor Rogério para dizer que estava disposto a nos guiar, quanto a informações do convento e a capela, mas não foi necessário, pois o professor Márcio já estava finalizando algumas explicações sobre o Barroco ali presente. O homem não estava adequadamente trajado de um guia, tanto que não era oficialmente um guia, mas “quebrava o galho” quando um grupo de turistas, ou um grupo escolar estava visitando o monumento, mas na verdade ele era um artesão local.
Ao lado desse espaço tem uma capela que é mais usada pelas freias, para as realização de missas, mas também aberto ao público, somente uma vez na semana. É uma capela Barroca, porém está bem descaracterizada, depois de   sua restauração, e por isso atualmente não parece ser uma igreja Barroca, pois são poucas as identificações desse estilo artístico. E foi justamente nessa época que os padres deixaram de celebrar a missa de costas para o povo, e falar em latim, e começou a ficar de frente, e realizando a homilia (parte da missa, que o padre explica a palavra, que foi lida) em português, e que algum tempo depois, toda a missa foi celebrada na em português.
   
Capela Sagrado Coração de Jesus

Depois de visitarmos e conhecermos a Igreja e Convento Sagrado Coração de Jesus, fomos ao Sobrado do Imperador, que foi uma casa preparada para Dom Pedro II se hospedar por uma noite, em uma de suas viagens por Pernambuco, uns dizem que ele dormiu la, e seguiu viagem de manhã cedo no outro dia, outros dizem que não foi possível ele dormir no Sobrado de Iarassu, pois suas viagem se estendeu para um município mais próximo, e la se hospedou.
No Sobrado pudemos ver alguns materiais originais da época, como pedras, cerâmicas, vasos, e imagens de como era Iagarassu antes da invasão dos holandeses, mostrando como era realmente as igrejas, em suas estruturas originais, além de conter uma janela arqueológica no piso, do Sobrado, bem na entrada, com características neoclássicas.

Sobrado do Imperador

Não existia nenhum guia, que pudesse nos ajudar com algumas explicações mais específicas em relação ao Sobrado e os materiais expostos, porém em cada objeto da época ali presente, tinha uma espécie de “cartaz” explicando, que objeto era aquele, sua origem e pra que servia, além, dos nossos professores nos ajudarem com algumas informações do Sobrado. Tinha também um segurança, vestido adequadamente, com identificação, e postura de segurança, mostrando a seriedade e organização do local.
Após conhecermos o Sobrado do Imperador, fomos até a Câmara Municipal de Igarassu, que também fica no Sítio Histórico, e que pudemos entrar e saber de algumas curiosidades da Câmara. Subimos algumas escadas, e chegamos no gabinete, onde é o local de trabalho cotidiano dos políticos locais. Um senhor que parecia trabalhar neste monumento, nos deu algumas informações sobre a Câmara, dizendo que é a Câmara Municipal mais antiga do Brasil, por estar numa cidade pioneira de Pernambuco, porém sofreu algumas reformas ao longo do tempo, disse também que é a única Câmara Municipal que tem um Santo Católico presente, determinada por D. José I, rei de Portugal, no dia 23 de novembro de 1754(“... havendo sobejos nos bens desse Conselho seja dada a esmola de 27$000 (Vinte e Sete Mil Réis) anualmente aos religiosos do dito Santo com o título de protetor dessa Câmara”), ele nos disse a Câmara doa um salário mínimo por mês para um orfanato, da região, o qual freias se voluntariam para ajudar na educação, alimentação, dentre outras fundamentações para uma criança.
A professora Sônia também nos chamou a atenção para as bandeiras que “falam” em um ambiente como a Câmara, através da linguagem não verbal, quanto a sua posição, onde a bandeira do Brasil (nação) fica no meio, a bandeira de Pernambuco (estado) no lado direito, e Igarassu (município) do lado esquerdo. Bem atrás das bandeiras tem escrito o seguinte: “Cada de Duarte Coelho”, e tem esse nome, em memória do primeiro Donatário do Brasil. Um acompanhante da professora Sônia que nos ajudou com algumas informações também, nos mostrou um relógio que fica de frente a “mesa central” do gabinete, e ele disse que foi o relógio que D. Pedro deu a Câmara, e que na época foi um grande avanço tecnológico, na contagem do tempo.
   
Câmara Municipal de Igarassu

A comunicação através das placas, que deveriam informar um resumo da história do lugares, dos monumentos, dos objetos, estavam muito precárias, enferrujadas, apagadas, enfim, totalmente danificadas, um turista provavelmente teria dificuldades de  ter algumas informações sobre o que está visitando.
Logo após vermos a Câmara, fomos a tão falada e importante Igreja Santo Cosme e Damião, extrema importância se dar, pois foi a primeira igreja em pé do Brasil, e por isso contém características maneiristas (movimento artístico de transição do Renascimento para o Barroco) na sua parte exterior, apesar de não estar estruturalmente original, mas suas características foram preservadas. Mas infelizmente não pudemos ter acesso a parte interna da igreja, pois, estava fechada, inclusive tinha uma mulher esperando a pessoa responsável pela chave da igreja, abrir, mas essa pessoa não chegou, e a nossa visita dentro da igreja tornou-se impossível de realizar. Então o professor, nos explicou o que podia, da parte externa, mostrando umas aberturas laterais, chamadas de “ceteiras” que serviam de um lugar estratégico para atirar quem estivesse do lado de fora, mas quem estava fora dificilmente acertava quem estava no interior da igreja.


Igreja Santo Cosme e Damião

Ao lado da igreja, tinha um Museu Histórico, bem interessante, com quadros, objetos, e vários outros materiais usados na época do Barroco no Brasil, e especificamente em Igarassu. Tinha uma mulher no balcão para nos receber, ela disse que a entrada custava R$ 2,00, mas como somos de um Instituto Federal, fomos isentos da taxa, e assim entramos e tivemos a autorização dos professores, para andar livremente no museu. E assim fizemos, conhecendo a grande influencia religiosa que o Brasil tinha e tem até os dias de hoje, e através dos objetos também foi possível observar características barrocas, e um pouco do Rococó. Essa mesma mulher, que nos recebeu, disse que o Museu estava sem guias, porque vai haver uma reforma, em alguns dias, e os guias foram dispensados


     
                  
Quando saímos, nos deparamos com alguns artesãos, que produziam na madeira, uma parte do Sítio Histórico, geralmente a Igreja com os Santos Padroeiros da cidade, Santo Cosme e Damião. Segundo Rafael, um dos artesãos e que também servia como “guia” em casos de emergência, nos explicou que a madeira quando extraída para a produção desses artesanatos, não são danificadas, pois eles usam uma técnica, para preservar a árvore, e quando a madeira está “esculpida”, fica como se fosse uns musgos bem suaves na obra, e uma vez colocada água, nasce algumas plantinhas bem miúdas. Uma maneira interessante de preservar a natureza e valorizar a cultura local, através da arte. Depois de nos explicar esse processo, ele cantou um poema, de sua autoridade, sobre Igarassu, envolvendo sua história, cultura, além de confessar sua humildade como um simples morador e amador, porém apaixonado pelo seu município.
 
Artesanato e artesão de Igarassu

O nosso último ponto de Igarassu foi na Igreja Conventual Franciscana de Santo Antônio, e logo na entrada pudemos observar aspectos barrocos no teto, chamados “caixotões”, com pinturas que remetem ao religioso, e suas características totalmente barrocas.
Ao entramos, pagamos uma taxa de R$1,00, e depois seguimos para uma espaço, chamado “Claustrio”, lugar reservados para os Frades, e um ambiente aberto, com algumas plantas, parece um pequeno jardim.
 
O nosso guia, Inaldo, e o Clastrio

As pessoas que nos receberam, não tinham postura de monitores e guias, pois algumas dessas pessoas, em quanto falavam conosco, estavam com pirulito na boca, não sabiam dar informações corretas de onde era o banheiro, o único que nos recebeu adequadamente, foi o nosso guia chamado Inaldo, que começou falando desse espaço dos frades, e depois, nos convidou a entramos na igreja, e fomos nos acomodando nos bandos na parte interna da mesma. Todos acomodados, Inaldo, começou a explicar todos detalhes, arquitetônicos presentes na igreja, começando pelas características da Ordem Franciscana, os azulejos, colunas toscanas (relembrando colunas romanas), e cruz na faixada, junto com várias características barrocas, o resultado é uma explosão de belíssimas esculturas, jogo de cores, muitos detalhes, riquezas nas pinturas.
O piso de onde ficam os bancos para o altar, tem uma distância de uma degrau, simbolizando a superioridade do clero, quando haviam missas, lembrando que as missas eram celebradas de costas para os fiéis,  e em latim, e com o Barroco isso foi mudando, como foi dito anteriormente.
O teto, é a única parte da igreja que é original, tirando o teto, toda a igreja já foi restaurada, ela foi pintada por um artista recifense, não registrado, no ano de 1749, e é riquíssima em detalhes e cores, representando a anunciação de que Maria teria um filho, e na pintura, mostra Maria grávida, e anjos ao seu redor.
No couro da igreja é possível analisar, mas aspectos barrocos, tanto na pintura, como, como na arquitetura. O cânticos das missas, eram realizados pelos frades residentes no convento.
Essa igreja tem sua importância também pelo por ser a terceira Ordem Franciscana do Brasil.

Parte interna da Igreja Conventual Franciscana de Santo Antônio

Depois seguimos para a Sacristia (lugar onde os padres, e celebrantes, se vestiam com as vestes rituais, antes de celebrarem a missa) que fica atrás do altar da igreja, permanecendo nas características barrocas, uma delas o ilusionismo da pintura, que ficava no teto, a qual causava a impressão de que na pintura de Nossa Senhora, seus olhos seguiam quem a olhasse, em qualquer canto da sala. Gavetas secretas de fundo falso, também estavam presentes nas paredes da Sacristia, usadas pelos padres, para guardar seu objetos religiosos, e materiais secretos. Além da forte presença dos azulejos, característicos da Ordem Franciscana.
   
Sacristia da Igreja Conventual Franciscana de Santo Antônio

Seguimos ao primeiro andar, passando por um corredor, que tinha uma janela arqueológica na parede, mostrando o material original usado na construção da igreja. Depois de observarmos isso, fomos a Pinacoteca, que estava bem protegida por sinal, por estar em 8º lugar no ranking mundial de pinacotecas. Inaldo, deu algumas orientações, para que pudéssemos seguir uma visita tranquila, e com segurança tais como: não tirar fotos, não ultrapassar os limites estabelicidos, não tocar nos quadros, e não filmar.
Janela arqueológica

O primeiro quadro que o nosso guia explicou, foi “O assoite de Cristo”, que mostra o momento em que Cristo estava apanhando, antes de sua morte. Esse quadro foi feito em tábuas de madeira, e que segundo ele, foi encontrado por um turista, mas só alguns centímetros foram achados, e por isso ainda não está completo. O artista não foi registrado, o eu era muito comum na época.
Outro quadro, bem parecido com “O assoite de Cristo”, chamado “A coração de Cristo”, também foi encontrada no mesmo estado, porém ela está completa, e retrata a coroação de espinho de Cristo, antes de ser crucificado. Existiam vários outros quadros, como “O encontro de Jesus com Verônica”, “A chegada dos portugueses a Igarassu”, “Invasão Holandesa” (mostrando a invasão dos holandeses em Igarassu, que no quadro mostra o motivo dessa invasão, foi o roubo de telhas, pois na época, telha era um material luxuoso e Igarassu tinha muito, em seus monumentos), “A febre Amarela” (o qual mostra a doença dominando Recife e Olinda, menos Igarassu, e muitos acreditam que Igarassu foi protegida pelos seus padroeiros, São Cosme e Damião), e  vários outros quadros originais, que retratam algum momento da história, normalmente, temas religiosos, e fatos históricos de Igarassu, pintados por pessoas que presenciaram esses momentos.
Um quadro que nos chamou mais a atenção, foi o da “Santa Ceia”, que mesmo não sendo o quando pintado por Leonardo da Vinci, carrega muitas características semelhantes, e junto com essas características, as polêmicas , principalmente em relação à dúvida se Maria Madalena estava presente na Santa Ceia, ou não, além da nítida exclusão de Judas, aos demais apóstolos.
Terminada a visita em Igarassu, entramos no ônibus e seguimos para Carpina, almoçarmos, em uma churrascaria, na beira da estrada, chamada Acássia. Demoramos umas duas horas, para que todos estivessem satisfeitos e descansados, e voltamos a pegar estrada de novo, dessa vez, rumo a Nazaré da Mata, chegando la, por volta das 15:00hrs. E como planejado fomos visitar o Parque dos Lanceiros, com o Mestre Barachinha, um mestre do Maracatu, que nos explicou como é montado um grupo de Maracatu, onde atuam, como se vestem, e ainda cantou algumas músicas do Maracatu, e como ele é mestre, ele pode fazer a “Sambada”, quando canta durante a dança, e  só os mestres podem fazer. Ele nos explicou, que quando alguém do grupo entra na dança do Maracatu, só pode parar quando não aguentar mais, se fosse o caso de querer ir ao banheiro, não podia, faz ali mesmo na frente de todos, por isso e outros motivos só homens participavam, mas hoje, há uma participação maior das mulheres no Maracatu em sim, pois antes a mulher ajudava auxiliando os homens que dançavam.
Barachinha também nos explicou, o significado do Cravo Branco na boca do lanceiro, que é abençoada por um pai de santo. Mas no Recife, por exemplo, o uso do cravo branco na boca é obrigatório, por ordem da prefeitura; o óculos escuro, é para esconder os olhos vermelhos, da cachaça consumida pelos lanceiros durante a dança, para poder aguentar tanto pique; o Baque Solto, é um ritmo mais carnavalesco, já o Baque Virado, é um ritmo mais parecido com o Xangô.
Fomos recebidos, pelo próprio Barachinha, com sua humildade, e sua vontade de valorizar a sua cultura e leva-la pelo Brasil inteiro, tanto que em São Paulo, segundo Brachinha, é o melhor lugar de se cantar Maracatu, pois é onde as pessoas dançam muito, e gostam do que veem e ouvem.
Depois de conhecermos toda a cultura do Maracatu, dita por um mestre bastante conhecido nacionalmente, fomos tirar algumas fotos em um espaço ao lado, tipo um parque, onde havia algumas estátuas, dos personagens do Maracatu e Índios, mostrando uma grande marca cultural daquela região.
Terminada a seção de fotos, voltamos ao ônibus, rumo a nossa última parada do dia, Tracunhanhem, e como não era muito distante, chegamos em alguns minutos.
Visitamos o Centro de Artesanato de Tracunhanhem, onde foi possível observar o artesanato local, através do barro, um dos atrativos do município, e também tivemos a oportunidade de conhecer de perto o trabalho cotidiano dos artesãos. Inclusive um deles, chamado Lucas, disse que recebe pedidos para encomendas do Brasil inteiro, principalmente da região sudeste e sul do país.
 
Centro de Artesanato de Tracunhanhem

As pessoas eram bem simples, e como estavam no seu ambiente de trabalho, e era um trabalho informal, estavam vestidos adequados para aquela situação, para aquele ambiente. E infelizmente nossa visita encerra em Trancunhanhem, por voltas das 17:00hrs, seguimos de volta para o IFPE, em Recife.


                                                 
REFERÊNCIAS

·         Disponível em: http://www.camaradeigarassu.pe.gov.br/index.php/historia Acesso em: 08/10/2014

·         Disponível em: http://northistoria.com.br/sobrado-do-imperador-igarassu/ Acesso em: 08/10/2014

·         Disponível em: http://www.hpip.org/Default/pt/Homepage/Obra?a=707 Acesso em 09/10/2014

Espero que tenham gostado, e estimulado a conhecer esses lugares que dizem tanto sobre a cultura do nosso Pernambuco!